quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Sem título, por enquanto II.

Segunda parte.

O sol começava a entrar pelas frestas abertas da janela do meu quarto. Eu queria me levantar e fechar a cortina, mas meu corpo inteiro doía. Não era capaz de esticar nem os dedos do meu pé; parecia que alguém havia me amarrado na linha do trem e que ele havia passado por cima de mim com toda a carga e velocidade possíveis. Minha cabeça doía tanto que eu mal conseguia abrir meus olhos. Então não fiz mais menção de abri-los, puxei a coberta até a testa, virei pro lado e ERGH. Agora meu corpo quebrado doía duas, três vezes mais do que antes. Só alguém tão inteligente quanto eu para pensar em me virar pro lado, quando até abrir os olhos doía. Parabéns pra mim, parabéns pra mim, parabéns pra mim, fiquei repetindo em pensando até que eu cochilei novamente. Aliás, acho que cochilar é uma palavra fraca demais, já que quando eu consegui acordar, o céu lá fora estava escuro e eu conseguia ouvir as buzinas dos carros e o acelerar das motos. Provavelmente, as pessoas estavam começando a sair de suas casas agora, para mais uma grande night na grande Floripa.
Agora meu corpo já não doía tanto. Sentei-me na cama, joguei as cobertas pro lado e me espreguicei. Meus olhos encontraram o relógio no criado-mudo que marcava 22:22. Coincidência? Eu ainda teria tempo de fazer um ‘make-a-wish’. Pensei, pensei, pensei e ‘done’. Levantei e quando dei meu primeiro passo, ERGH, senti meu corpo todo dolorido de novo. Depois de tomar tanta chuva na véspera, eu havia prometido a mim mesma que nunca mais sairia de casa sem um guarda-chuva.
Parecendo uma velha dependente de bengalas, andando sem bengalas, eu consegui chegar até a sala. Sentei no sofá e por pouco não desabei de novo. Só não o fiz porque o barulho que vinha do meu estômago era alto demais e com certeza atrapalharia meu sono. De novo me esforcei para ficar de pé, e fui até a cozinha. Abri a geladeira e logo percebi que eu só tinha uma garrafa de água quase vazia, um pacote de bolachas recheadas pela metade e uma garrafa de refrigerante que provavelmente já não tinha gás nenhum. Bufando de raiva, comecei a revirar a cozinha até que achei um pacote de miojo. Não era exatamente o que eu esperava comer agora, mas pelo menos, era melhor do que ter que sair de casa e ir fazer compras. Só a idéia já fazia meus músculos latejarem bruscamente. Assim que o macarrão instantâneo ficou pronto, coloquei meu prato em cima de uma almofada, sentei no sofá e comecei a devorar tudo; o gosto não estava dos melhores, afinal minha pressa foi tão grande que deixou a comida semi crua, mas a fome era tão grande que eu nem me importava. Não fiz as contas, mas aparentemente em três minutos eu acabei com a panela inteira. Deixei o prato de lado e liguei a TV.
Fiquei mudando os canais até achar um filme que parecia ser legal. Fui assistindo e me distraindo até que as cenas começaram a virar um romance meloso e piegas, e que, inevitavelmente me fez lembrar do que estava tentando reprimir durante essas 24 horas de sono profundo.

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