quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Time to say goodbye.

Meus olhos enchem de lágrimas só de pensar que amanhã tudo acaba. Depois de oito anos vivenciando da mesma rotina, vendo as mesmas pessoas. Essas mesmas pessoas, que aliás, se tornaram parte de mim, uma parte tão importante que se tornou essêncial ter a presença delas comigo, se tornaram minha segunda família, meu alicerce, minha base. E agora é tão estranho parar pra pensar que cada um vai tomar um caminho diferente, sair com outras pessoas... cada um vai tomando sua própria direção.
Apesar de nem todos os dias terem sido de sol, eu diria que as tempestades por mais que parecessem absurdas quando aconteceram, hoje eu vejo todos os problemas como pequenos chuviscos. E até dos professores eu vou sentir falta. Da nossa liberdade, intimidade, proximidade. Do clima de família, de união que nós aprendemos a ter desde pequenos.
Eu sei que cada um dali me ensinou alguma coisa diferente, me mostrou novos jeitos de ver a vida, de ver as coisas ao nosso redor. Cada sorriso, cada abraço, cada conversa jogada fora... Vou levar tudo comigo! Essas sim são lembranças que o tempo não pode mudar.
Vida e Paz. É. Foi bem isso que eu vivi durante esse tempo. E por mais que eu fique feliz por ter terminado mais um ciclo, eu não consigo evitar que meu coração se aperte e essa nostalgia me invada.
Independente de qualquer coisa, eu sei o quanto eu amei vocês. O quanto eu amei ter feito parte dessa história. Obrigada por tudo.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Paper Heart.

É. Enquanto alguns vivem sentimentos vindos de um coração de pedra e outros de um coração 'mole', o meu seria um coração de papel. Sim. De Papel. Afinal, quantas já não foram as vezes em que eu o apaguei e o reescrevi? Quantas vezes ele já não fora amassado e desamassado? Reciclado e renovado? Um coração feito de algumas linhas escritas a traços leves, fracos, de modo que seu conteúdo, mas precisamente, as pessoas representadas por eles, sejam levadas e afastadas. Outras linhas são escritas a traços bem fortes, nítidos, representando as pessoas inesquecíveis, que dificilmente serão apagadas por qualquer que seja a situação, e os clássicos imprevistos como tempo e distância. Representam as pessoas que marcaram esse papel de um modo tão profundo, que ao menos seus vestígios permanecerão por ali, de um jeito ou de outro. E há também as linhas em branco, aguardando para serem preenchidas. Aguardando para serem parte dos traços leves, ou dos traços fortes. Mas isso, só será ditado pelo destino e seus caminhos.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

good dilers?

Hoje eu estava assistindo ao Conexões Urbanas, um programa do Multishow que trata de assuntos relacionados a problemas sociais urbanos no geral. O tema do programa de hoje era sobre bandidos envolvidos no tráfico de drogas. Foram entrevistados bandidos de diferentes favelas e morros, e as respostas da maioria deles mexeu muito comigo.
Eles diziam ter consciência de que o que fazem é mesmo errado, porém, eles não tem outra opção. Que se são o que são hoje, é em grande parte a sociedade que os deixa esquecidos. É por não terem estudo, condições de vida, família estruturada, e coisas do tipo. Vários deles tinham sonhos antes de entrar no crime, sonhos de trabalharem em alguma coisa que pudessem chamar honestamente de “trabalho”, mas foram vários os problemas que fizeram com que eles fossem levados para esse lado errado, por assim dizer. Me impressionou vê-los dizendo que essa vida que eles levam, é totalmente o oposto do que querem para os próprios filhos. Um dos bandidos inclusive, se emocionou durante a entrevista, e mesmo sendo o trabalho dele vender drogas, este fez um apelo aos jovens para que não se envolvessem com essas coisas, que é o pior que alguém pode querer pra sua vida, disse que escutasse seus pais e mães, que esses sim são os que querem o seu bem e sabem o que dizem. E que seu maior sonho, é poder um dia levar e buscar seus filhos no colégio! Que o que mais quer, é sossego e paz... Mas é muito contraditório pensar que um bandido almeja paz, sendo que seus atos o levam para um caminho totalmente contrário.
Sobre as crianças da favela, eles disseram que acabam se tornando uma influência para elas, um exemplo a ser seguido. Mas que eles tentam se desvencilhar disso, não querem ser vistos como heróis pelo que fazem. E disseram que os jovens do morro acabam gostando tanto deles por se espelharem no que está mais próximo. Sendo assim, eles começam a querer seguir os passos dos traficantes próximos a eles.
Falaram também sobre as pessoas que os inspiram. Curioso que um grupo revelou se inspirar no Che. Che Guevara uma inspiração para traficantes de drogas? Disseram que é pelo fato de Che ter sido um revolucionário, e eles consideram seus trabalhos na comunidade, ajudando o povo do morro e se posicionando contra aquilo que eles vêem de errado – como a postura da sociedade e da policia, por exemplo – como uma revolução.
Disseram que a troca de tiros com os policiais acaba sendo um desabafo para eles. Um desabafo para mostrar a força que eles têm. Que cada tiro dado, é como se fosse um palavra dita, cada bala saindo de suas armas é como se fosse uma vingança por amigos que já morreram na mão dos “alemães”, pelas desavenças e agressões causadas pelos mesmos.
Sabe, é triste ver essa realidade. Pensar que todo esse conflito acontece aqui, tão perto. Pensar que esses problemas não começaram recentemente, e que muito pelo contrário, o tráfico de drogas nas favelas vem acontecendo há a anos, e ainda não houve força grande o suficiente para acabar com ele. É triste pensar que bandidos como esses da reportagem, cederam ao “mal” por falta de opção, por não tem saída para um futuro melhor. E sendo assim, fica fácil de entender o porquê de tanto ódio, tanto revolta com a sociedade. Afinal, eles estão lá precisando de ajuda, de alguém que olhe por eles e faça alguma coisa, alguém que lhes dê comida, saúde, educação e a garantia de um futuro melhor. Alguém que saia das promessas e finalmente as cumpra. Alguém que de uma vez por todas tome suas dores e comece a ajudá-los a serem cidadãos com uma vida normal, com direitos e deveres. Mas onde está esse alguém? Já que na sociedade individualista de hoje ninguém para para cuidar de quaisquer outros problemas que não sejam os seus próprios? Sem resposta.