terça-feira, 4 de maio de 2010

Os minutos vão passando lentamente.

Tic-Tac. Os ponteiros do relógio mexiam-se devagar e até preguiçosamente, eu diria. 16h10. Os minutos pareciam horas em meio a tanto tédio. Já não havia livros para serem lidos, e nem músicas para serem (re) escutadas. Tudo que poderia ser feito como passatempo, já havia sido utilizado. Até algumas tentativas de desenhos haviam sido feitas - é claro que depois todos eles foram rasgados e colocados na primeira lata de lixo que ela avistou. Arrumou o guarda-roupa, separou peças para doação, tirou a poeira de velhos brinquedos, que agora ficavam espremidos em uma caixa de papelão na parte mais alta do guarda-roupa; lavou as louças acumuladas, jogou fora as comidas vencidas, apontou alguns lápis de cor gastos... Tic-Tac. 17h10.
Ela pensava em milhares de atividades diferentes, forçava seu cérebro a usar a criatividade e, se possível, criar novas atividades. Tudo para não ficar parada, imóvel.
A verdade é que ela tinha medo. Medo de que quando ela ficasse sem absolutamente nada pra fazer, seu cérebro rastreasse e trouxesse de volta várias lembranças que ela lutava pra reprimir. Lembranças que, aliás, praticamente andavam de mãos dadas com ela nos momentos em que ele não estava por perto para preencher o vazio que ela tanto sentia.
Talvez as horas demorassem tanto pra passar, porque ELA queria que o tempo passasse rápido o suficiente para poder vê-lo novamente e esquecer que a distância parcialmente existe. Talvez ela reprimisse as lembranças com medo de deixar a saudade insuportável demais.
Mas afinal, por que a saudade havia de bater tão rápido?

O risco da palavra.

Mais de um ano de blog, e até agora nenhuma explicação sobre o porquê do título... Bom, o fato é que eu estava ouvindo uma música, em que as únicas duas frases presentes na melodia inteira eram: "A consistência do silêncio anula o RISCO DA PALAVRA, algumas coisas não precisam ser ditas para serem entendidas." e esse tal de 'risco da palavra' ficou na minha cabeça por um bom tempo. Até eu entender o que o autor queria dizer com isso.
Por fim, cheguei à conclusão de que para haver comunicação entre duas pessoas, quase 90% do tempo necessitamos de palavras para nos expressar. E mesmo quando não estamos utilizando-as, seja gesticulando ou fazendo mímicas, também há palavras que explicam e nomeiam essas ações. Confuso?
A palavra pode vir de forma escrita, através de letras e significados. Ou pode vir nos discursos orais, através de conversas, da fala e etc.
Talvez a palavra seja a chave de nossos problemas. Exemplificando: quando algo nos incomoda, devemos falar sobre isso com quem causou o incomodo para resolvermos a situação... E com isso, corremos um risco. Pode ser que a pessoa não te entenda, pode ser que ela não concorde e use outras palavras para argumentar com você...
A partir do momento de que necessitamos das palavras para nos comunicar, apesar delas serem um benefício e uma facilidade, sempre corremos riscos enquanto as usamos. Ou alguém nunca falou, falou, falou e falou até demais e só depois foi perceber que era melhor ter permanecido em silêncio?