terça-feira, 4 de maio de 2010

Os minutos vão passando lentamente.

Tic-Tac. Os ponteiros do relógio mexiam-se devagar e até preguiçosamente, eu diria. 16h10. Os minutos pareciam horas em meio a tanto tédio. Já não havia livros para serem lidos, e nem músicas para serem (re) escutadas. Tudo que poderia ser feito como passatempo, já havia sido utilizado. Até algumas tentativas de desenhos haviam sido feitas - é claro que depois todos eles foram rasgados e colocados na primeira lata de lixo que ela avistou. Arrumou o guarda-roupa, separou peças para doação, tirou a poeira de velhos brinquedos, que agora ficavam espremidos em uma caixa de papelão na parte mais alta do guarda-roupa; lavou as louças acumuladas, jogou fora as comidas vencidas, apontou alguns lápis de cor gastos... Tic-Tac. 17h10.
Ela pensava em milhares de atividades diferentes, forçava seu cérebro a usar a criatividade e, se possível, criar novas atividades. Tudo para não ficar parada, imóvel.
A verdade é que ela tinha medo. Medo de que quando ela ficasse sem absolutamente nada pra fazer, seu cérebro rastreasse e trouxesse de volta várias lembranças que ela lutava pra reprimir. Lembranças que, aliás, praticamente andavam de mãos dadas com ela nos momentos em que ele não estava por perto para preencher o vazio que ela tanto sentia.
Talvez as horas demorassem tanto pra passar, porque ELA queria que o tempo passasse rápido o suficiente para poder vê-lo novamente e esquecer que a distância parcialmente existe. Talvez ela reprimisse as lembranças com medo de deixar a saudade insuportável demais.
Mas afinal, por que a saudade havia de bater tão rápido?

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