domingo, 21 de fevereiro de 2010

Just Another Drama I

Seis e meia da manhã. O barulho estrondoso do meu despertador não poderia deixar que eu esquecesse disso, é claro. Levantei-me, coloquei o uniforme do colégio e fui tomar café da manhã. Até então, nada de diferente: todos já estavam sentados em seus respectivos lugares, comendo e conversando entrei si, como se a minha presença ali não fizesse diferença alguma. Ou como se ninguém fosse capaz de me enxergar. Eu convivo com esse pesadelo a 16 anos, que aliás, é a minha idade. Dezesseis anos é um bom tempo para aprender a lidar com certas situações, eu diria. O problema é quando elas se intensificam com o tempo, a ponto de te enlouquecer. Mas, não vamos pular etapas.

Sentei no meu lugar, preparei meu pão e comi em silêncio como em qualquer outra manhã. Antes de sair para trabalhar, minha mãe olhou pra mim com olhar agitado e disse rapidamente: “Se apresse ou você vai se atrasar, Daniela.” Nada como ser bem recepcionada, não é mesmo? Terminei de comer às pressas, fui até meu quarto e coloquei meus gastos all star vermelhos de qualquer jeito, nem os cadarços eu amarrei. Peguei minhas apostilas, meu estojo e saí de casa correndo até o elevador. A sensação de nervosismo que eu sinto ao entrar no mesmo, me desconcerta de um modo que nem eu mesma sem explicar. É uma sensação de medo, de angústia, ansiedade... tudo isso misturado e muito forte. Só pelo medo de (re) encontrá-lo no saguão do prédio como fazíamos e fizemos todas as manhãs durante um ano e meio. É.

Ir para a escola era outro problema, afinal, o que antes era um prazer pra mim, tornou-se nada mais do que obrigação. Eu já não tenho vontade de me dedicar aos estudos, assim como não tenho vontade de me dedicar a qualquer outra coisa que venha a aparecer. Além de ser ignorada em casa, esse “feito” tornou-se característica das minhas amigas também. Se é que eu posso chamá-las assim. Parece que a Lei de Murphy gostou muito de mim a ponto de não me abandonar mais. "Se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará". Depois que a primeira coisa deu errado pra mim, o resto foi caindo em consequência… E agora aqui estou eu, nesse pequeno inferno que eu tento chamar de vida.

Quase perdi o primeiro sinal de entrada. Sentei na minha mesa de sempre, enconstada na parede e nem tão perto da lousa assim. A primeira aula era de Química, algo totalmente animador para uma segunda-feira pós Carnaval. A classe toda estava pegando fogo, novidades voavam de todos os cantos, cada um queria falar mais alto do que o outro sobre sua viagem, sua micareta, sua festa e etc. Enquanto pra mim, o Carnaval nada mais tinha significado do que ficar no meu quarto, deitada na cama, olhando pro teto, com o mp3 no ouvido, escutando músicas depressivas. Sim, Damian Rice bombou no meu Carnaval, assim como a solidão.

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