segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

As diferenças entre limitação e má vontade


Assistir ao filme O Escafandro e a Borboleta (Julian Schnabel, 2007) – baseado em uma história real- me fez repensar em vários aspectos da vida que talvez estejamos enxergando de maneira equivocada. 
Jean-Dominique Bauby tinha 43 anos, era editor da revista Elle e tinha o mundo aos seus pés. Até que um derrame cerebral mudou tragicamente sua história: Jean-Do sofreu de uma rara síndrome em que a pessoa se torna prisioneira do próprio corpo ao perder todos os movimentos e o controle de si mesmo. Ele teve sorte e não perdeu o movimento do olho esquerdo, o que foi fundamental para a sua trajetória de aceitação e recuperação.
O que me choca nessa história é perceber como estamos sujeitos a situações desse tipo e não percebemos até o pior acontecer. Vivemos sempre no limite: no limite do cansaço, no limite da tolerância, no limite da convivência. Ao retomar algumas lembranças, Jean-Do nota que em sua vida de sucesso profissional os filhos foram deixados para segundo plano e eles não aproveitaram tantos momentos juntos quanto ele desejava. Perceber isso preso a uma cadeira de rodas foi devastador para Jean-Do que apenas podia observar de longe os filhos brincando sem ao menos poder abraçá-los. Não me surpreenderia com o número de pais que passariam pelo mesmo desespero do personagem por nem sempre terem tempo suficiente para compartilhar com as crianças e quando se derem conta disso, o momento de aproveitar já terá passado.
Outro ponto que me chama a atenção no filme é que para que Jean-Do se comunique com outras pessoas – já que ele perdeu os movimentos da boca – sua fonoaudióloga empenha-se em um sistema de recitar todas as letras do alfabeto e ele retribuir com uma piscadinha para a letra selecionada. Desse modo formaram palavras e frases completas até que essa dupla conseguiu atingir o que jamais esperariam deles: escreveram um livro com todas as palavras selecionadas por Jean-Do.
Esse fato me surpreendeu e fez com que eu sentisse nada menos que desprezo pelas pessoas que são dominadas pela preguiça e má vontade para realizar tarefas das quais são perfeitamente capazes por serem saudáveis e sãs. E um homem com apenas o movimento de um olho foi capaz de escrever um livro... Se isso não for passível de choque, mostrem-me o que é.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Por um pouco de esperança

Talvez as pessoas confundam ano novo com vida nova, como muitos dizem por aí. Mas o simples fato de o calendário ter mudado não significa que teremos uma vida inteiramente nova; para isso precisamos nos esforçar, tirar de nossas vidas tudo aquilo que nos atrasa e não nos faz bem; devemos repensar nossas atitudes, encontrar em nossos erros aprendizado e respostas para os problemas cotidianos. Devemos fazer do ano novo uma esperança para que sejamos capazes de mudar e não apenas esperarmos que o progresso chegue junto com o novo calendário... Comodismo e prosperidade nunca andaram de mãos dadas e com certeza isso não vai acontecer em 2012. A tão esperada vida nova só depende de nós mesmos para acontecer.



sábado, 2 de outubro de 2010

Just a cup of a tea.

Uma xícara de chá. Um quarto escuro. Uma casa vazia. Uma pessoa abandonada. Uma imensidão de lembranças preenchidas por lágrimas. Ela preferia não falar com ninguém, portanto, guardava seus problemas a sete chaves. Seu passado invadia sua mente de uma maneira avassaladora. Qualquer detalhe, por menor que fosse, fazia com que tudo viesse à tona. Já não havia lugares que ela pudesse freqüentar sem que se lembrasse de quando e quantas vezes esteve lá com ele. Qualquer pessoa que os visse, diria que eram o casal perfeito – mesmo a perfeição sendo relativa. O amor existente entre ambas as partes se ressaltava nas suas feições, muitas vezes moldando seus rostos com enormes sorrisos.
A garota estava vivendo em monotonia. Nada conseguia fazer com que o sentimento de solidão e vazio a deixasse. Embora tentasse voltar a viver, ela sabia que isso só seria possível ao lado dele. Mesmo que ele a tenha deixado nessa situação. Paradoxo, talvez.
As armas mais poderosas que ela havia encontrado até então eram as lembranças e os sonhos. A primeira, pois era a única coisa que ninguém poderia lhe tirar. E a segunda, pois era a única maneira de continuar imaginando o presente e até mesmo o futuro sem ter que encarar a realidade.
Ela ainda guardava o pequeno cordão que ele havia lhe dado no último Natal. Era um pequeno cordão com pingentes de letras – as iniciais dos dois. Todas as vezes em que sentia medo ou desespero momentâneo, ela segurava esse cordão com todas as forças e chorava em silêncio. Todas as vezes em que precisava de proteção, ela também se agarrava à ele e sentia-se sendo abraçada. São inúmeras personificações feitas todos os dias para que ela se sinta um pouco melhor. E quando isso não é suficiente, há sempre uma xícara de chá.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Pra sempre The O.C.

The O.C, exibido de 2003 a 2006 pela Warner Chanel (no Brasil e pela Fox, nos EUA) é sem dúvidas a melhor trama teen dos últimos tempos. Josh Schwartz, o criador da série, soube misturar muito drama com pitadas de comédia, seguidas por romance e aventuras. O seriado teve altos índices de audiência da televisão norte-americana nas três primeiras temporadas. Os personagens aparentemente comuns acabam nos surpreendendo com o desenrolar da série.
Tudo começa quando Ryan Atwood, garoto com sérios problemas familiares ajuda o irmão mais velho, Trey, a roubar um carro e os dois acabam sendo pegos pela polícia. Trey, sendo maior de idade vai diretamente para a prisão, enquanto Ryan recebe ajuda de um advogado público, Sandy Cohen (interpretado por Petter Gallagher). A mãe de Ryan, sempre envolvida com bebidas e namorados de mau caráter, resolve colocar o filho pra fora de casa depois do roubo. Sandy, sensibilizado com a história, relembra seu passado quando também muito jovem foi abandonado, e então resolve levar Ryan para sua casa até que o caso seja julgado. Em Orange County - cidade onde mora Sandy Cohen – Ryan conhece Marissa Cooper, vizinha dos Cohens e aparentemente a “garota perfeita”. Na casa, conhece Kirsten e Seth, respectivamente esposa e filho de Sandy. Seth e Ryan tornam-se melhores amigos mais tarde, e entre idas e vindas, os dois formam pares românticos com Marissa Cooper e Summer Roberts (inicialmente amor platônico de Seth). Entre as festas badaladas e as enormes mansões da cidade, muita coisa acontece: casa incendiada, brigas, namoros, festas, viagens, overdose, terapia, pais descontrolados, casamentos, separações, alcoolismo, enfarte, filhas ilegítimas, mortes, drogas e etc.
- Da esqueda para direita: Seth, Summer, Ryan e Marissa.


Ao assistir as quatro temporadas de The O.C, o espectador consegue de fato se envolver com a história e se emocionar com os acontecimentos. The OC, mesmo tratando de assuntos já abordados em outras séries adolescentes, conseguiu vencer a concorrência e fazer da série algo realmente especial, passando seriados como One Three Hill e Dawnson’s Creek. A trilha sonora é inquestionável; desde os grandes momentos até os menos importantes foram envolvidos com músicas totalmente adequadas a cada situação. Os espectadores puderem presenciar cenas com trilha sonoro pop, rock, indie, punk... Tudo que se adequava ao momento vivido pelos personagens. Com isso, foram feitos 6 CD’s com as melhores músicas de cada temporada. Em alguns episódios, podemos acompanhar shows de bandas até então desconhecidas, porém com a cara do público e do próprio seriado, tais como The Killers, Rooney, entre outras.
Os personagens da série apesar do aparente clichê conseguiram agradar o público com suas particularidades. A exemplo disso, temos o casal coadjuvante formado por Seth Cohen e Summer Roberts como os queridinhos do seriado: Seth, um típico geek anti-social e totalmente invisível aos olhos dos outros alunos da escola, só começa a ser notado quando Ryan chega a Orange County; viciado em histórias em quadrinhos e com talento nato para desenhar, Seth conseguiu deixar sua marca em vários diálogos inteligentes compostos por sua ironia. Já Summer, a pratricinha sempre eleita como rainha dos bailes estudantis, mostra seu lado sensível e tipicamente adolescente quando se apaixona por Seth. Marissa, personagem principal ao lado de Ryan, começa a ver seu mundo desmoronar quando seu pai perde toda a fortuna que tinha; é traída pelo primeiro namorado, tem uma overdose durante uma viagem, se apaixona por Ryan, tem um pequeno romance lésbico, se envolve com o jardineiro da casa, com um surfista drogado e sempre procurando provocar a raiva e o desgosto de sua mãe. Ryan apesar de sua natureza revoltada e violenta, consegue se adequar a nova vida, e sempre tentando defender os que estão próximos dele também virou um personagem marcante; supostamente engravidou uma amiga de infância, se meteu em várias brigas, incendiou uma casa, foi apaixonado por Marissa e muito amado por Sandy e Kirsten.
Os seriados atuais ainda usam um pouco da pegada de The O.C para tentar embarcar no sucesso, alguns exagerando mais nos fatos e outros abusando do famoso sexo, drogas e rock’n’roll. Depois de ver todas as temporadas, você vai se apaixonar pela série e levar um pouco dela consigo.

http://www.youtube.com/watch?v=_e0211vmLNI&feature=related - Trailer da primeira temporada.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Porque uma grande amizade não tem preço.

Momentos, histórias, amizades. O fato é que com um pouco mais de experiência e um pouco menos de inocência, é possível olhar pra trás recordando vários momentos e aceitando que eles foram passageiros e bons em seu devido tempo. As pessoas mudam, assim como as circunstâncias e os ambientes. Ninguém é obrigado a ser exatamente igual o tempo todo. Mudanças SÃO necessárias, sejam elas pra melhor ou pra pior... Elas fazem parte das nossas vidas, da nossa evolução, nosso amadurecimento. É um processo natural.
Em determinados momentos, nossas escolhas são a chave que nos levará a novos caminhos e, consequentemente, a mudanças. Acredito que de todas as centenas de pessoas que passam por nossas vidas ao decorrer dos anos, apenas as marcantes se tornarão eternas em nossas lembranças, deixando um pouco delas conosco e levando um pouco de nós com elas. É inevitável que tenhamos de deixar algumas dessas pessoas marcantes para trás. Infelizmente, nem sempre podemos seguir a mesma direção e ter as mesmas escolhas que elas. E muitas vezes, isso acaba afetando o relacionamento construído anteriormente.
Barreiras criadas por circunstâncias como o tempo e a distância são na maioria das vezes crucias para afetar, principalmente, as amizades. Além de mudanças, a vida também é formada de fases. E em cada fase de nossas vidas, temos pensamentos, idéias e vontades totalmente diferentes dos da fase seguinte. Muitas vezes, ao entrarmos numa fase nova acabamos deixando para trás algumas das “coisas” que nos acompanharam na fase anterior. E novamente, isso resulta em mudanças.
É uma pena que amizades mudem e esfriem ao longo do tempo. Mas esfriar não significa acabar. E muito menos esquecer. São poucas as pessoas que podemos realmente intitular de AMIGOS. Acho, inclusive, que podemos contar os amigos verdadeiros nos dedos. Amigo pra mim é aquela pessoa que vai estar com você independente de qualquer problema. É aquela pessoa que vai te oferecer o ombro e te consolar SEMPRE que você precisar de alguém. É aquela pessoa que te entende com um simples olhar e que muitas vezes, te conforta apenas com um abraço apertado. Ser amigo de alguém, não é ter essa pessoa na sua lista de amigos do Orkut, não é seguir essa pessoa no Twitter e muito menos trocar perguntas no Formspring. Ser amigo de alguém é estar presente mesmo quando tudo conspira a favor da sua ausência. Amizades verdadeiras serão lembradas para o resto de nossas vidas; mesmo que as coisas mudem, esfriem, e travem nas barreiras impostas, nada impede que uma boa amizade permaneça nas nossas lembranças. E isso sim é fazer com que amizades durem para sempre. Fazer com o que os momentos bons sejam eternizados em nossas memórias.

terça-feira, 29 de junho de 2010

A little tired.

A situação fugia de controle, os pensamentos voavam longe. Mas não longe o suficiente para que saíssem da minha cabeça. Seria uma tentativa em vão sentar em um canto qualquer esperando por um controle universal, ou uma máquina do tempo que possibilitassem que eu pudesse voltar no tempo apenas apertando um botão, ou escolhendo as cenas no meu Menu e revendo as mais especias em câmera lenta. Ou simplesmente avançando no controle para o dia seguinte. (Quem não se lembra de Click?) É uma pena que as coisas não sejam assim fora do mundo da ficção e dos filmes. Aqui, o jeito é pensar milhares de vezes antes de qualquer atitude precipitada, usando o bom senso e o respeito. Queria conseguir fechar os olhos e relaxar, já que a rotina e vários pensamentos têm tirado meu sono, que aliás resolve aparecer durante as aulas mais importantes. Férias, cheguem logo. Estou precisando de você.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Crônica.

No filme "Up" dos estúdios Disney - agora com a tecnologia da Pixar - o enredo é protagonizado pela primeira vez por personagens humanos, sendo um idoso, sr. Fredricksen, aparentemente rabugento, e um garoto um tanto agitado, Russel.
O que mais me surpreendeu nesta animação foi o fato de ser uma história com complexos e conflitos de adultos, traduzidos numa linguagem infantil, destinada ao seu público alvo, as crianças, e sem perder a magia dos filmes da Disney.
Adorei ver a forma como foi mostrado o amor entre o Sr. Frericksen e a Ellen. Logo nos primeiros minutos de filme é passado um flashback emocionante sobre o casal desde que se conheceram na infância, e como foram tão unidos até os últimos dias da Ellen. Com a morte desta, o Sr. Fredricksen está decidido a realizar o sonho dela, que era conhecer as cachoeiras da América do Sul viajando com a própria casa erguida por balões. A solidão do Sr. Fredricksen é instigante; até ele arrumar um "companheiro", o Russel, que de certa forma acaba ajudando o senhor a se desprender dos valores materiais que ele tinha para com a casa e os objetos da Ellen.
Ao longo do filme são passadas várias mensagens, mas a que ficou foi desprendimento material de tudo que estava ligado ao passado, mas valorizando os sentimentos e lembranças que ficaram. Acaba sendo também uma mensagem de superação ao mostrar o novo lado do Sr. Fredricksen: generoso, amigável e bem humorado. Valores trazidos e resgatados pela sinceridade da sua amizade desenvolvida com Russel, que acabou se tornando o filho que o Sr. Fredricksen não pudera ter, e este, consequentemente, ocupou uma posição de pai para Russel, já que o seu estava sempre ocupado e ausente.